segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Depressão não mata, ensina a escrever.

Não há como argumentar. Isso é um fato. Talvez seja a necessidade de conversar que instaure uma prolixidade pouco vista no autor e que o deixe assim. Ou a desesperada busca por atenção que o obrigue a escrever de forma exasperada e com tamanho vigor e (busca pela) perfeição que transmita a sensação de finalmente ter feito algo decente. (crueldade é pouco para mim haha)

Poderia considerar este um exemplo nítido deste tipo de manifestação, mas já descartei esta hipótese a partir da terceira linha, onde comecei a achar este texto como apenas mais um. Também não é possível enquadrá-lo nessa categoria quando penso nos autores que me inspiraram a escrevê-lo.

De Caio Fernando Abreu (celebridade póstuma do twitter e que não gosto) onde cada texto era um prenúncio ao suicídio, passando por Bukowski tão ácido quanto degradante, e até mesmo Orwell e, ainda que sutilmente Thompson (o qual leio atualmente) todos, de alguma forma se beneficiaram dessa psicopatologia. Não há como agradecê-los suficiente por isso.

Verdade seja dita: humanos gostam de sofrer. Aproveitam cada vertente desse sentimento para acalmar os ânimos e, talvez, voltar a uma pior mais tarde - Por que não?; Claro, que neste momento gozo do que podem ter passado, mas é inegável o valor que a tristeza (e a depressão – porque são diferentes) tem para a literatura. Ela comove, indaga, e tem um quê de sensacionalismo que, quando empregado de forma correta, suscita uma inquietude, uma necessidade de se entender a causa para então, junto do autor, sofrer e dar razão ao que se passava.

Acredito que este seja o grande lance da dissertação depressiva. Ser um círculo vicioso, impregnando no receptor o vazio vivenciado e transferindo a ele essa necessidade de se expressar, essa necessidade de exprimir em cada vírgula o mais denso sentido e simbiose do vivenciado.

Contudo, se se atingir o seu leitor dessa forma não for garantia de se tratar de um bom texto, não sei o que é. Melhor começar a me entristecer.
HE HE.