quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Jeitinho brasileiro

Já paraste na fila, recebeste uma ficha e aguardaste atendimento. Agora é impressionantemente bem atendido no guichê número 5 de um CFC. Enquanto preenche alguns documentos percebe a presença de um idoso, que se dirige à atendente:

- Pois é, não deu de novo, o exame médico. (Laura sempre “discreta” faz cara de espanto)

- Hum, mas por causa do grau dos seus óculos? Questiona a atendente.

- sim, por causa dos óculos. O que eu faço agora?

- o Sr. Deve ir realizar uma nova consulta com seu oftalmologista  e então voltar aqui.

- mas, eu já fiz DUAS VEZES!

- O que o médico que te avaliou disse?

- disse pra mim ir no oftalmologista ou ver outro médico. (não entendo o que ele quis dizer até que...)

- AAAH, SIM! O Sr pode vir fazer O exame com outro médico. Fora este de hoje temos outros 3, tu só tens que ligar pra cá antes de vir pra saber quem tá fazendo.
...

Viram o que eu vi? Quer dizer que tudo bem o médico A ter atestado que és semi cego, o B, C, ou D, pode te “passar” no exame médico. Enquanto isso se sabe de trezentas pessoas que rodam sem motivos válidos na prova prática.

Fiz o que tinha que fazer, paguei o boleto do banco do estado do Rio Grande do Sul nas bancas e vim para casa, perplexa. Admito que deva ser realmente ingenuidade minha, mas me irrita profundamente que no Brasil as coisas sejam resolvidas assim, na base do ‘jeitinho’, da tão ridiculamente evidenciada malandragem.

Nós, gaúchos, temos a mania e o orgulho de dizer que temos uma cultura diferente do resto do país. A meu ver é só até o momento em que essa postura nos favorece, porque caso seja preciso, também sabemos as “melhores maneiras” de se tirar proveito de uma situação. Também se fossemos tão exemplares não haveria de ter qualquer tipo de corrupção e muito menos escândalos envolvendo DETRAN+GOVERNO DO ESTADO, e que hoje (20/12) se tornaram ainda mais claros para mim.

Não assumo aqui nenhuma preferência política. Acredito nos ideais do iluminismo que surgiu na França do século XVIII, e que tem como lema “igualdade, liberdade e progresso”. Estes por coincidência seguem uma lógica positivista, e que POR ACASO, é o mote do pensamento filosófico político DESTE país. Agora se estes estão sendo seguidos?

Acho que me dei conta de mais uma falha no sistema. 

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Meu primeiro post (pseudo) revolucionário.

Li um post que fazia uma critica a ‘mania’ que o brasileiro tem de desvalorizar o produto nacional. Naquele caso especifico, ele dissertava sobre HQs e a produção cultural do país. Não houve como discordar.

Com o apoio da lei de Incentivo a Cultura (a.k.a Lei Rouanet) é cada vez mais fácil conseguir o grande limítrofe das produções independentes: VERBA. E o (errrr) melhor, com dinheiro público! Não vou entrar no mérito das questões burocrático financeiras, até porque, e principalmente por este motivo, acho bárbaro que exista uma forma com a qual os produtores consigam apoio para seus projetos de forma que não seja através de rifa, por exemplo.

De música a cinema, até mesmo na fotografia (que by the way é a ten den cia da sociedade atual) e inclusive nas HQs como comentou o autor do post que mencionei, o país tem de fato um caldo grosso de bons projetos culturais.

Se buscarmos no histórico das produções de conteúdo áudio visual brasileiro é notável de como desde 1908 o Brasil já se aventurava por essas bandas, tendo este sido o ano do primeiro filme tupiniquim a ser lançado (obra “Os Estranguladores”). Isso sem mencionar que foi em 1896 a primeira exibição de cinema, no Rio de Janeiro. De fato já fomos um país culturalmente desenvolvido, isso se pensarmos que antes da censura política, as manifestações ocorriam até mesmo nas publicações. Vide O Pasquim que além do conteúdo crítico não deixava de ser uma forma de expor o pensamento e a percepção cultural daqueles representantes da sociedade que o faziam, e que hoje tem quase uma ‘representação’ atual pela revista Piauí, que acredito ser totalmente baseada naquele veículo tristemente confiscado.

No que tange a literatura não há nem o que se dizer. Temos excelentes clássicos que são referencia mundial neste nicho. E ainda que eu não goste (e tenha um verdadeiro P A V O R) do Paulo Coelho, não posso ser hipócrita e negar a notoriedade dele como autor, e que de certa forma abriu uma janela aos autores brasileiros para o resto do mundo. (Nota: foi apenas uma contextualização contemporânea.)

A meu ver o teatro ainda que bem desenvolvido, precisa de um maior impulso, seja por parte das pessoas que poderiam dar mais atenção a essa manifestação, quanto por parte dos governos municipais que poderiam dar melhores condições a seus teatros, e ainda realizar uma maior divulgação das peças que vem a sua cidade.

Como mencionei no parágrafo acima, finalizo da mesma forma como no blog que foi a pauta para esse meu post. Com um apelo pela divulgação e no mínimo pelo interesse pelo produto nacional. Gostaria de te instigar a repensar no que tem sido feito na área cultural brasileira e pelo menos tentar fazer com que tu, além de eu, tentes difundir uma consciência coletiva que tenha vontade de mostrar o Brasil como um país que tem muito mais do que futebol.
Se isso for muito impossível, apenas te convido, de forma menos revolucionária, a ler um livro do Érico Verissimo, ou assistir O Homem que copiava.

sábado, 11 de dezembro de 2010

Ótimo presente

É engraçado como pequenos eventos “quebram as tuas pernas”. No meu caso foi um presente, que ganhei de aniversário de uma grande amiga, que conseguiu fazer isso comigo. Acontece que eu já havia pensado em como escreveria o post pós-abandono, mas simplesmente apaguei da minha memória.

Ela me presenteou com um livro, de um bestseller que ela gosta muito, que ainda não leu. Eu fiquei muito feliz com o que recebi e tratei de terminar de uma vez pro todas o que ainda estava lendo. Não terminei.

Comecei a ler ‘O Castelo nos Pirineus’ super empolgada, era completamente diferente do que eu havia preconizado, e eu estava gostando muito. Acontece que lá pela metade, eu já tava ficando de saco cheio daquela história. O Jostein Gaarder (sim, eu não sou ninguém para criticá-lo) a meu ver, insistia em uma discussão, entre os personagens, que já havia sido feita, e que pra eu já tinha se tornado viajandona e longa demais.

Solrun e Stein são dois amigos de longa data que por um acaso do destino se reencontraram, já casados/formados/comfilhos, no mesmo hotel onde haviam se hospedado quando fizeram uma viagem juntos. Foram um casal que passou 2 anos juntos viajando (em todos os sentidos) pela Noruega. Através de uma série de emails eles retomam o contato e passam a discutir sobre os dias que passaram juntos e sobre espiritualidade, crenças e, claro, filosofia. Como disse, mais ou menos no meio do livro, a grande pauta dos emails dos dois, é aquela básica premissa da filosofia do: “quem sou, para onde vou, o que é consciência, o que é o mundo...” eu por ser muito objetiva, já não estava mais interessada.

Persisti e quando menos esperava estava encantada pela história novamente, e foi ai que eu comecei a pensar que esse post seria sobre o livro. Tive uma idéia provavelmente muito melhor do que este resultado final, mas quando cheguei no último capitulo a história parece romper com o que tu acredita que seja o final. Surpreendente.
Não vou contar como termina, apenas faço o relato de que, mesmo que o Castelos nos Pirineus possa ser maçante em alguns pontos, o final faz com que tu te sinta feliz em ter continuado. A obra é apesar de tudo bem concisa e ainda com todos os pesares consegue prender a tua atenção. Eu com certeza indico, coisa que já fiz durante essa semana inclusive.

No mais, peço desculpas pela falta de comprometimento comigo mesma, porque afinal, quem mantém esse blog sou eu e, portanto é minha responsabilidade deixá-lo em dia. Espero, de verdade, que alguém tenha sentido falta, caso contrario não me avise, prefiro nem saber! Hahaha

Fica aqui a promessa de voltar o mais breve possível!

O Castelo nos Pirineus – Jostein Gaarder.
Editora : Cia das Letras.

Laura.