Como tantos outros italianos, e falo isso ciente da sua
veracidade, esse senhor me xingava do banco atrás do meu, sem a capacidade de
jogar todo esse ódio bem na minha cara. Eu certamente teria ficado ainda mais
sem reação caso tivesse o feito, porém, acredito que de algum modo teria sido
mais digno da parte dele. Isso se há qualquer coisa de digno naquele ser
humano.
Fiz todo um breve discurso que meu bom senso fez ficar
apenas ecoando na minha cabeça. Diria, em suma, que era uma pessoa orgulhosa da
sua proveniência e que muito felizmente está na europa para realizar um
mestrado, e assim, evitando que eu termine a vida bêbada, num trem,
esculachando estrangeiros. Lindo.
Mas eu não disse nada. Desliguei o telefone sem fazer a
menor ideia do que escutava e do que dizia. Desliguei e depois de trocar meia
palavra, em italiano, com uma moça muito gentil, troquei de cabine com ela.
Até agora a minha vontade é de ir lá falar com esse senhor,
mas que sentido isso teria a uma estudante de comunicação para relações
internacionais? E mais, além do breve sossego que me concederia no que
realmente poderia mudar na minha vida?
NADA. Simplesmente nada.
Não tenho certeza de onde gostaria de chegar com tudo isso. Talvez
apenas me certificar de que já posso me orgulhar do meu amadurecimento.