terça-feira, 29 de março de 2011

O tempo entre costuras

Um amalgama de sentimentos dispares.

Faço o uso desta frase para descrever o livro ‘O tempo entre Costuras’ porque María Dueñas tem seus ápices na trama da protagonista Sira Quiroga. Costureira adolescente, dona de uma vida simples em um bairro pobre da Madri do século 40. É neste cenário onde o enredo toma o rumo de uma sucessão de acontecimentos viciantes, e que, logo prendem a atenção transmitindo a primeira das impressões que tive.

Seguindo sua vida ajudando a mãe em um atelier de costura da ALTA sociedade, Sira tem uma vida sem grandes ambições e que seguiria ‘o rumo natural das coisas’ até que ela tivesse a vida tal qual a da sua mãe. Porém, encantada por um homem (filhodaputa) mais velho e de classe alta, deixa a casa da mãe e o noivo, para ir morar com este que conhecia há pouco mais de mês. Entretendo com as decisões praticamente inconcebíveis de Sira, a primeira parte do livro, divido em três, traz uma repercussão de acontecimentos trágicos que envolvem a leitura. Como imaginei um relacionamento estável não foi o resultado do impulso da personagem. Dentre outras coisas, Ramiro introduz Sira a uma invejável vida boêmia (e por isso paro de julgar suas opções amorosas, porque nééé) até que decide que juntos deveriam abrir um empresa em nome, e financiada pelos únicos bens de Sira: jóias e dinheiro que recebeu de seu pai que simplesmente surgiu em sua vida de forma tão surpreendente quanto deixou suas mão quando estava grávida.

Leiga, cega e apaixonada (sira loser) Sira confia a Ramiro, que havia deixado o emprego, a administração de seus bens (sira putamerda) permitindo que ele invista-os em um projeto completamente sem cabimento: o de abrir uma filial de uma universidade argentina em Tanger no Marrocos.

Sem possuírem a confirmação da universidade e sem saber que seu dinheiro estava, na realidade, sendo investido na conta de Ramiro, os dois deixam Madri para seguir sua vida maravilhosa no Marrocos.

Obviamente após inúmeras farsas e um roubo Sira se vê completamente sozinha em outro país, sem dinheiro, sem recato, mas com dívidas, mandato de prisão e medo.

Desta forma é dado início a segunda parte de ‘O Tempo Entre Costuras’ e que baseia em todo desenrolar dos últimos acontecimentos da vida da espanhola, e a nova inserção das costuras em sua vida.

Em si a história tem tudo para transferir ao livro uma aceitação inquestionável. E eu, na verdade, adorei o livro como um todo e recomendo muito. Porém não há como fazer a ressalva de que por duas guerras entrarem na trama de forma pontual e definitiva é feito durante a maior parte do livro, contemplando 2/3 da obra, toda uma contextualização dos acontecimentos das guerras de acordo com a vida da protagonista. Ainda que este possa ser um diferencial, pois muitos personagens de grande relevância terem saído de livros de história, é um fator que tornar a leitura maçante em alguns momentos.

María Dueñas tem todo o artífice necessário para fazer deste livro um sucesso comercial e paixão de alguns.  a mim é um livro ÓTIMO que por fim me convenceu quanto ao seu potencial, ainda que em alguns momento tenha brotado em mim uma certa inquietude.


2 comentários:

  1. dramalhão de mulherzinha...

    mas tenho que pelo menos tens bom gosto para livros. Como a Geração Sexo Drogas e Rock n roll salvou o cinema é sensacional!

    E não desista de postar no blog. uma hora emplaca...

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  2. "mas tenho que pelo menos tens bom gosto para livros."

    HUUUM, faz bastante sentido Misael. Depois vem me incomodar porque não acentuei AMÁLGAMA.

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